Wilson Ferreira Jr. reitera interesse de ficar na Eletrobras

Executivo aponta que um dos desafios do próximo governo será continuar a melhorar eficiência da companhia.

12 de dezembro de 2018Infraestrutura

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., se mantém otimista em relação às atividades em andamento e à possível continuidade da agenda de reestruturação da companhia, a partir do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. E deixa claro que gostaria de seguir orquestrando esse movimento nos próximos anos.

Embora já tenha dito publicamente que gostaria de permanecer no cargo, ele revelou à reportagem do GRI Hub ainda não ter tratado especificamente desse assunto com os membros da equipe de transição. Por ora, se concentrou em detalhar os resultados de sua gestão ao futuro ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior.

"Tive a minha primeira reunião com o ministro [na última semana] para apresentar a companhia e os seus desafios", contou Ferreira, em entrevista durante o Infra Brazil GRI 2018. "Ainda não conversamos sobre [a liderança da estatal]. Foi um primeiro encontro, visto que não nos conhecíamos, uma oportunidade para compartilhamento de expectativas. Tenho um compromisso com a companhia e, caso seja desejo do governo [Bolsonaro] manter a atual agenda, evidentemente estou à disposição para continuar."

Balanço

Segundo Wilson Ferreira Jr., a Eletrobras está em um momento bastante importante de sua história. "Iniciamos um grande processo de reestruturação da empresa, que começou com temas relacionados a governança e compliance, e fomos bastante efetivos. Tivemos muitos avanços nesse período", disse ele, fazendo um balanço. 

"Estou há dois anos na companhia e, certamente, vivemos uma virada, refletida em uma série de melhorias. Conseguimos debater temas maduros, como o GSF [risco hidrológico, na sigla em inglês], que é fundamental para o setor e está sendo debatido no Congresso. Antes, sabia-se dos problemas, mas não se debatiam soluções", pontuou. 

Entre outros avanços sob seu comando, o líder da Eletrobras, que concedeu entrevista à GRI Magazine pouco depois de assumir o comando da estatal, recordou aspectos da reestruturação realizada, que envolveu a troca de 90% da administração e a demissão de mais de três mil colaboradores. Lembrou também o plano de desinvestimentos, incluindo uma série de ativos como as Sociedades de Propósito Específico (SPEs). "Até o momento, vendemos 26 SPEs. Também reduzimos o patamar de investimento da companhia em R$ 50 bilhões [no Plano Plurianual – PPA de 5 anos] para R$ 20 bi e continuamos a concluir obras."

Amazonas Energia e Ceal

Em relação aos leilões programados para este mês de dezembro, Ferreira declarou ter uma expectativa positiva. "De forma continuada, estamos ajustando as regras da competição para atrair bons investidores e operadores, em condições financeiras que permitam retomar o investimento em cada um [dos ativos]". 

"Com bons projetos e boa regulação, não há porque não atrair [investidores]. Todas as garantias oferecidas, o próprio PPA [contratos compra e venda de energia, na sigla em inglês] e a receita permitida em cada um dos projetos são evidências disso. Há algum tempo o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] não é mais o único financiador de infraestrutura e nem por isso deixamos de ter êxito nos últimos leilões. Acredito que estamos no caminho certo", analisou.

A Amazonas Energia foi arrematada ontem (10 de dezembro) por um consórcio local, formado pelas empresas Oliveira Energia e Athem, da região Norte do País. Já o outro leilão, programado para 19 de dezembro, é o da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), Com isso, o processo de privatização das seis distribuidoras, previsto para este ano, estaria completo. Contudo, ainda não se sabe se os resultados serão acatados, visto que uma liminar do Tribunal Regional da 1ª Região suspendeu o certame desta segunda-feira, a pedido de sindicatos trabalhistas.

Wilson Ferreira Jr. também reiterou que a energia continuará sendo um dos propulsores do desenvolvimento do País. "O Brasil tem muito a fazer e a infraestrutura de energia – envolvendo geração, distribuição e transmissão – é necessária para para que o País, de fato, retome uma perspectiva de crescimento."

"Para o próximo governo, um dos desafios será continuar a melhorar a eficiência da Eletrobras"


Agenda para o setor

Wilson Ferreira Jr. está otimista com o horizonte trazido pela nova administração federal para o setor de infraestrutura como um todo. "Toda vez que se muda um governo, há uma perspectiva positiva e cria-se um ambiente favorável a mudanças. Creio que a única saída sustentável para o Brasil é investir em infraestrutura. Temos um gap muito grande no setor, investimos 2% do PIB nos últimos anos, enquanto países semelhantes investiram 4% a 5%."

Ele destaca que o País precisa ainda continuar evoluindo nos marcos regulatórios nos demais segmentos, a exemplo do elétrico. Outro fator crucial, defende ele, é não ter preconceito contra investimento privado e, por meio de regulamentações fortes, atrair o capital privado. "Podemos transformar o Brasil em um canteiro de obras que empregará muita gente e, quando essa infraestrutura estiver operando, teremos um crescimento sustentável do próprio segmento, além de aumentar a competitividade dos demais."

"Acredito que nos próximos dias vá emergir uma agenda de trabalho, que envolverá naturalmente o presidente e os ministros da Economia e das demais áreas –, Infraestrutura e Minas e Energia", completou.

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